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A Música no Candomblé

19/03/2012 11:49

A Música no Candomblé

 "O som é a primeira relação com o mundo, desde o ventre materno. Abre canais de comunicação que facilitam o tratamento. Além de atingir os movimentos mais primitivos, a música atua como elemento ordenador, que organiza a pessoa internamente", afirma Araújo Jorge.

 

Atabaques ou Ilús.

            Os três atabaques que fazem soar o toque durante o ritual também são responsáveis pela convocação dos deuses.

O RUM funciona como solista, marcando os passos da dança.

Os outros dois o RUMPÍ e o reforçam a marcação, reproduzindo as modulações da língua africana yorubá - uma língua cantada, como o sotaque baiano. Além dos atabaques, usa-se também o agogô.

 

Tocadores de Atabaque :

          Runtó (Geralmente um Cargo Masculino dos Candomblés Jeje e Mina)

Alabê (Um tipo de Ogan dos Candomblés seguidores da Nação Ketu amplos modelo Yorubá)

Xicaringome (Cargo Masculino comum dos terreiros de Candomblé Angola e alguns Angola-Congo)

São, ao todo, mais de quinze ritmos diferentes. Cada Casa de Santo tem até 500 cânticos.Segundo a fé dos praticantes, os versos e as frases rítmicas, repetidas incansavelmente, têm o poder de "captar" o mundo sobrenatural. 

 

   

 

 

Toque para o Orixá

 

ILÚ

 Termo da lingua Yoruba significando "tambor".

É um ritmo rápido e de cadência marcada atribuído a Oya / Iansã.Conhecido também como Dárò, que significa lamento. É percurtido por aquidavis.

*Aquidavis" - varetas feitas de madeira

  

BATÁ

 Batá significa tambor para culto de Egum e Xangô .Ritmo cadenciado especialmente para Xangô. Pode ser tocado para outros Orixás.

Tocado com as mãos.

 

AGUERE

 Em Yoruba significa "lentidão" .Ritmo cadenciado para Oxossi com andamento mais rápido para Oya/Iansã. Quando executado para esta Iabá é chamado de "quebra-pratos"

 

IJEXÁ

 Ritmo cadenciado tocado somente com as mãos. É dedicado a Oxum quando sua execução é somente instrumental.

 

ADARRUM

 Ritmo invocatório de todos os Orixás. Apressado ,forte e contínuo marcado junto pelo agogo.Pode ser acmpanhada de canto especialmente para Ogun.

 

ALUJÁ

 Significa orifício ou perfuração.Toque rápido com características guerreiras.É dedicado a Xango.

 

IGBIM

 Significa Caracol. Execução lenta com batidas fortes .Descreve a viagem de um Ancião.É dedicada a Oxalufã.

 

OPANIJÉ

 Dedicado a Obaluayiê, Oniêe e Xapanã. Andamento lento marcado por batidas fortes do Run. Significa "mata e come".

 

VAMUNHA

 Ritmo acelerado e sincopado. Marca início e término das cerimônias .Significa eles se movem.

 

HUNTÓ OU RUNTÓ

 Ritmo de origem Fon executado para Oxumare. Runtó também é o chefe da orquestra Jeje ,título dedicado aos Alabes nas comunidades Nagô.Pode ser executado com cânticos para Obaluayie e Xango.

 

SATO

 Sua execução lembra o ritmo Bata com um andamento mais rápido e marcado pelas batidas do Run.. Dedicado a Oxumare ou Nanã. Significa a manifestação de algo sagrado.

 

ADABI / AGABI / EGO

 Bater para nascer é seu significado. Ritmo sincompado dedicado a Exú.

 

BRAVUM

 Dedicado a Oxumare .Ritmo marcado por golpes fortes do Run.

 

TONIBODÉ

Pedir e adorar com justiça são seu significado. Tocado para Xango.

 

KORIN-EWE

Originário de Irawo ,cidade onde é cultuado Ossain na Nigéria.Seu significado é "Cântico das Folhas".

 

OGELE

 Ritmo atribuído a Obá. Executado com cânticos para Ewá. É o "tambor falante que manda mensagens para longe".

Os atabaques no candomblé são objetos sagrados e renovam anualmente esse Axé. São usados unicamente nas dependências do terreiro, não saem para a rua como os que são usados nos Afoxés, estes são preparados exclusivamente para esse fim.

Os atabaques são encourados com os couros dos animais que são oferecidos aos Orixás, independentes da cerimônia que é feita para consagração dos mesmos quando são comprados, o couro que veio da loja geralmente é descartado, só depois de passar pelos rituais é que poderá ser usado no terreiro.

O som é o condutor do Axé do Orixá, é o som do couro e da madeira vibrando que trazem os Orixás, são sinfonias africanas sem partitura.

Os atabaques do candomblé só podem ser tocados pelo Alagbê (nação Ketu), Xicarangoma (nações Angola e Congo) e Runtó (nação Jeje) que é o responsável pelo RUM (o atabaque maior), e pelos ogans nos atabaques menores sob o seu comando, é o Alagbê que começa o toque e é através do seu desempenho no RUM que o Orixá vai executar sua coreografia, de caça, de guerra, sempre acompanhando o floreio do Rum. O Rum é que comanda o RUMPI e o LE.

Essa é a diferença entre o atabaque do candomblé e do atabaque instrumento musical comprado nas lojas com a finalidade de apresentações artísticas, que normalmente são industrializados para essa finalidade.

Segundo Edson Carneiro, o som do atabaque é o mesmo tam-tam de todos os povos primitivos do mundo. Consiste numa pele seca de animal esticada sobre a extremidade de um cilindro oco.

No tempo de Manuel Querino havia várias espécies de tabaques como eram chamados na época: pequenos Batá, grandes Ilú e os atabaques de guerra, Batá-côtô, que desempenharam grande papél nos levantes de escravos, na Bahia no começo do século XIX, o que determinou a proibição expressa de sua importação desde 1835.

Ilú de Pernambuco

 

No Recife se toca ilu, na Bahia, se toca atabaques. No Maranhão se toca tambor. O ritmo do Maranhão é diferente do de Pernambuco e o de Pernambuco é similar ao tocado na Bahia. A diferença está nos instrumentos.

.Inhã do Rio Grande do Sul

               

 No Batuque os atabaques são um pouco diferentes do que é usado no Candomblé.

Dos instrumentos da foto o maior (branco e vermelho) é chamado de Inhã e o tambor vermelho é o de uso tradicional da Nação Ijexá.

Os outros dois instrumentos do centro são o Agê (instrumento feito com uma cabaça inteira trançada com cordão e contas diversas), no Candomblé é chamado de Afoxé.

..Toque

É a percussão dos tambores ou atabaques que varia de acordo com a nação do Candomblé. Essa percussão pode ser feita com as mãos ou com duas varetas de nome aguidavi, ou por vezes com uma mão e um aquidavi, dependendo do ritmo (toque) e do atabaque que está sendo tocado.

Na Angola e Congo são tocados só com as mãos, não se faz uso dos aguidavi.

A palavra também pode ser usada como toque de candomblé referindo-se as festas públicas, ou toque de orixá alguns exemplos:

o toque de Oxóssi é o Agueré.

o toque de Obaluaiyê é o Opanijé

o toque de Xangô é o Alujá

o toque de Oxum é o Ijexá

o toque de Oyá é o Ilu

o toque de Oxalá é o Igbi

Outros toques:

Adahun

Hamunha

Bravun

Setó

Congo de Ouro

Barravento

Muzenza

 

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