Na mitologia yorubana, Ogun é um Orixá filho, ou eborá. Olokun, senhor dos oceanos, e Oduduwa, Orixá mais importante dessa cultora, são seus pais, ou criadores. Existem outras vertentes de conhecimento que dizem ser Ogun, filho de Orinshala (Oxalá)e Oduduwa, ou ainda Yemanjá e Oxalá.
Ogun é o que vem primeiro, o que está sempre à frente, um líder nato. Ele conhece e domina todos os caminhos, por isso nunca se perde e está sempre ajudando, quando corretamente evocado.
É detentor do metal ferroso, com o qual fabrica suas armas e ferramentas com muita habilidade. Tornou-se especialista nessa arte, pois, a cada caminho que desbravava, ou a cada guerra que empreendia, precisava inventar uma ferramenta apropriada. Isso provocou uma grande revolução nesse meio, pois, com o advento do ferro, as antigas ferramentas de madeira e pedra lascada ficaram obsoletas, sendo substituídas pela precisão desse metal. Isso despertou o interesse dos outros Orixás, que vieram aprender, com Ogun, essa técnica. Costuma-se colocar, em seus assentamentos, uma bigorna para realçar essa habilidade. Ogun representa o trabalhador manual, aquele que transforma a matéria prima em produto acabado.
É o senhor da guerra, que, por vezes, se enfurece, devastando tudo que atrapalhar seu caminho. Ele derrota o inimigo em seu campo de batalha. Sua ira é incontrolável!
A guerra que Ogun trava nem sempre é destruidora. Ao contrário, se essa energia for bem canalizada, poderá ser utilizada para alcançar objetivos nobres, traçar novas diretrizes e vencer os obstáculos da vida.
Além de poderoso guerreiro, é também um exímio caçador, assim como Odé, seu irmão. Ogun, que conhece os caminhos como ninguém, sabe onde encontrar sua caça. Ele não fica parado esperando, vai atrás dela, até conseguir capturá-la.
É protetor da agricultora, juntamente com o Orixá Oko, reinando nas profundezas da terra, onde irá fertilizá-la com seu extremo poder.
Uma outra faceta, pouco conhecida, desse Orixá, dá conta de que Ogun é profundo conhecedor dos segredos das árvores, havendo, inclusive, a tradição de enterrar seu assentamento no pé de algumas delas.
Ogun tem uma ligação muito grande com o Orixá Exú, sendo, às vezes, confundido com ele. A confusão existe porque os dois Orixás dominam todos os caminhos e estão sempre na dianteira. É Exú quem consegue aplacar a ira de Ogun.
Enquanto guerreiro, Ogun nunca dá as costas aos inimigos, para evitar surpresas desagradáveis. Ele é o protetor de uma casta de generais africanos chamados OKAKANFOS.
Por causa da violência desse Orixá, não se deve evocá-lo para a destruição, pois, se ele não encontrar o inimigo, irá voltar-se contra quem o chamou.
Ogun é o patrono do culto a Egungun, ou dos ancestrais, que, em tempos remotos, era privilégio apenas das mulheres, ou iya-mi, onde Oyá reinava absoluta. Esse culto e o dos Orixás são totalmente separados, possuindo sacerdotes exclusivos para esse fim. As duas roças podem coabitar o mesmo espaço, desde que sejam separadas por folhas pertencentes ao Orixá Ogun.
As folhas da palmeira, ou mariwo, são muito apreciadas por ele, fazendo parte de sua indumentária.
Embora Ogun tenha feito aliança com alguns Orixás, como Oxun e Oyá, estava sempre sozinho, por estar constantemente envolvido em guerras e empreitadas. Ele não suporta ficar preso, precisa lutar. É difícil acompanhar esse Orixá.