OXAGUIAN
Oxaguian é o único orixá fun-fun que guerreia, usando para isso uma espada e um escudo que recebeu de Ogun. Além do raciocínio, esse orixá usa o artifício da guerra em determinados momentos. Essa guerra não deve ser interpretada ao pé da letra, mas, sim, num sentido mais abrangente, como, por exemplo, na luta pela sobrevivência.
Foi um grande estrategista, não entrando numa guerra sem antes pensar muito bem nos prós e nos contras, a fim de não pôr em risco seus exércitos. Evitava ao máximo o confronto, tentando sempre resolver os problemas de outra maneira; mas, se os argumentos não adiantavam, entrava na guerra lutando até o final, custasse o que custasse. Para ele, era tudo ou nada.
Este orixá, também carrega as cores azul e vermelha, além do branco. Isso deve-se ao fato de possuir uma grande ligação com o orixá Ogun. Todo iniciado na cultura desse orixá, além do seu assentamento, deve ter também um assentamento para Ogun.Um símbolo característico da indumentária desse orixá é o pilão, com o qual amassa o inhame, sua comida preferida. Existem algumas festividades que homenageiam essa qualidade de orixá, dentro do ciclo das águas de Oxalá, com o nome de Pilão de Oxaguian.
É o orixá da fartura, da riqueza e do raciocínio pleno.
OXALUFAN
Detém o axé da criação de todos os seres da Terra, representando a fertilidade masculina.
Está ligado à gênese do universo e foi o primeiro orixá criado por Olorun. Representa a maturidade, a sabedoria e o equilíbrio. Veste-se inteiramente de branco, sendo responsável pela manutenção da paz e da tranqüilidade entre os seres criados. Na mitologia africana, é considerado o pai de todos os orixás e de todos os seres vivos, sendo, por esse motivo, constantemente reverenciado em festas públicas e diversos rituais.
Está sempre presente nas antigas lendas, representando a figura veneranda de um pai. Sua posição é muito destacada, tendo o respeito de todos os orixás, que se curvam à sua presença.
Oxalufan, com seu cajado ou opaxoro, separou a Terra e o céu, que, no início dos tempos, estavam no mesmo nível de existência. Os três pratos, que fazem parte do cajado, simbolizam a sua supremacia sobre os mundos dos seres humanos, dos eguns (paralelo) e dos orixás. O pássaro, que está pousado na ponta do opaxoro, é um mensageiro que faz a ligação entre esses mundos. Com esses pratos, Oxalá carrega e distribui o alimento sagrado para todos os seres humanos e encantados. Os pingentes, que estão presos a eles, simbolizam os presentes que lhe eram ofertados nos diferentes lugares por onde passou em suas caminhadas pelo mundo. Esse orixá, assim como Nanã, é bem-vindo em todos os reinados.
O raciocínio é a grande contribuição desse orixá para os seres humanos, diferenciando-o, assim, dos animais. Todos os orixás que vestem branco, ou fun-funs (mesmo Ogun ou Oyá), herdaram esse dom de Oxalá de uma forma mais intensa, e o transferiram para seus filhos na Terra, que, por esse motivo, possuirão um pensamento engendrado e a constante reflexão sobre todos os aspectos da sua existência.
O alá é um outro símbolo de Oxalufan, que consiste num pano branco usado para protegê-lo do calor, bem como abrigar, sob sua proteção, todos os seres criados. Serve também para representar a separação entre a Terra e o céu.
Muitas vezes, esse orixá é apresentado como um velho, todo curvado e retorcido precisando ser amparado por ekédes e ogans, por não poder andar. O fato de Oxalufan ser o orixá mais antigo não justifica essa postura, pois a idade cronológica.
Se consultarmos a mitologia africana, veremos que Oxalá empreendeu grandes caminhadas pelo mundo e, como soberano que era, não se curvava a ninguém (com raras exceções, como foi mostrado na lenda de Oxun).
As pessoas que nascem com defeitos físicos e mentais, ou os adquirem antes dos nove anos, serão protegidos por Oxalá, pois houve algum erro na formação desses seres.