Grande Obá (rei) da nação Gêge, filho de Orixalá (Oulissassa) e Nanã (Anabioko), irmão de Obaluayê e Iroko.
Olorun atribuiu-lhe a função de dar mobilidade a todos os seres da Terra, representando a coluna vertebral, nos seres mais desenvolvidos.
É o orixá da transformação, do movimento constante e da harmonia do universo. Poderoso Vodun, é responsável pela evolução, em todos os sentidos.
Obessem (Dan), como é chamado na nação Gêge, é representado pela cobra não venenosa, que morde a própria cauda. Veio, dessa forma, para a Terra, para selar a união das duas metades do planeta, ou hemisférios. Também uniu as duas metades da maioria dos seres vivos, ou seja, o lado direito e o esquerdo.
O grande Deus, Olorun, esticou Obessen, para que percorresse e abraçasse todo planeta. Nessas andanças, a serpente traçou sulcos na terra, formando o leito de rios e lagos, que mais tarde foram preenchidos com água. Graças a esse fenômeno, grandes extensões de terra foram irrigadas e fertilizadas.
A terra molhada é muito importante na concepção religiosa africana, pois representa a fecundação. Sem isso, não poderia haver evolução e renovação da natureza. Isso também pode ser notado no processo de reprodução dos seres humanos, onde o óvulo feminino simboliza a terra, e o sêmen a água.
Contam as lendas que Oxunmare foi incumbido de fazer retornar para o Orun (céu) todas as águas do planeta (juntamente com uma qualidade do orixá Oyá, é responsável pelo fenômeno de evaporação). Esse ciclo interminável, simbolizado pelo arco-íris, que surge quando a água, que foi devolvida para o céu, caia novamente na terra em forma de chuva, faz com que esse orixá reinicie seu trabalho, que nunca tem fim. Esse processo é muito importante, pois a água limpa, que cai na terra, purifica a natureza e os seres, preservando a vida
A aliança entre o céu e a Terra foi estabelecida através do arco-íris, onde Oxunmare revela para o mundo todas as suas cores. Esse orixá transporta as riquezas de um plano a outro da existência.
Foi com as sete cores do arco-íris, e as diversas combinações entre elas, que Oxumare tornou toda a Terra multicolorida, diferenciando todas as espécies. Se fosse pela vontade de Yemanjá, tudo seria azul, como as águas; Nanã preferia as diferente nuanças da cor terra; e Oxalá deixaria todo planeta incolor.
Além do arco-íris do sol, Oxunmare também mostra suas cores ao redor da lua, em alguns dias do ano. Nessa noite, em que a lua exibe sua aureola colorida, pode-se fazer um ebó muito poderoso, para retirar todas as nossas mazelas.
Obessem, como rei da nação Gêge, é detentor de grande poder, fortuna e conhecimento profundo do universo. A cobra vem do céu para a Terra perfurando-a e saindo pelo outro lado. Por isso, os assentamentos desse orixá são simbolizados por dois poços abertos na terra, sem comunicação entre eles, para representar o movimento que a cobra faz ao atravessar todo o planeta, por suas entranhas.
Em sua indumentária, que são representadas por várias cores, aparecem o braja (colar de búzios) trançado e finalizado por três cabaças (onde estão guardados seus segredos), uma pequena lança e duas cobras escuras de ferro. Sua coroa (ade) pode ter formato de serpente.
Nas festas públicas, quando se evoca esse orixá, através das cantigas que se entoam ao som dos atabaques, coloca-se uma cuia de água no centro do barracão, onde todos os iniciados irão reverenciar esse orixá, tocando as mãos na água e levando-a à cabeça, em sinal de respeito ao grande Obá, que transporta as águas para o céu.
É muito tradicional, nas casas de Candomblé, só iniciar um único filho de Obessem num intervalo mínimo de sete anos, sendo também indispensável consultar o oráculo de Ifá para obter a permissão e os fundamentos necessários. Uma lenda explica que Olorun permite que Obessem saia do Orun, onde está preso, somente a cada sete anos.