Candomblé é uma palavra de origem yorubana que significa festa, ou o nome que se dá ao local onde são realizadas. Esse termo acabou por designar o conjunto de crenças religiosas das diversas etnias africanas, reunidas no Brasil em conseqüência do processo de escravidão.
Nesse três séculos de escravidão, muitos grupos étnicos entraram em nosso país, como os benguelas, cabindas, yorubás, ijexás, haussas, fantis, ashantis, minas, bantos, congoleses, fulanis, fons e oyós, entre outros. É difícil precisar o montante de africanos que aqui chegaram, ainda mais se levarmos em conta que os documentos oficiais, referentes ao tráfico negreiro, foram destruídos logo após a abolição. Mesmo assim, alguns estudiosos admitem que esse número gira em torno de doze milhões. Uma grande parte dos negros não conseguiram desembarcar aqui, morrendo durante a viagem devido ao péssimo tratamento que recebiam. Além da fome e das doenças que os acometiam, era também muito usual jogá-los ao mar para compensar o excesso de peso.
Segundo os conceitos da época, os negros eram seres ignorantes e desprovidos de humanidade e possuíam uma religião composta por rituais bárbaros e pagãos.
Apesar de proibido, o culto aos Orixá não foi abandonado. Os negros usavam imagens de santos católicos para disfarçar os assentamentos, que ficavam enterrados.
A religião africana, ao qual se deu o nome de Candomblé, é uma das mais antigas crenças do homem, com pelo menos 6.000 anos, e deve ser respeitada como tal. Ela possui rituais sagrados e secretos, e em alguns deles são realizadas oferendas de animais. As pessoas, que não conhecem o significado desses atos litúrgicos, os rotularam de primitivos e bárbaros mas, como sabemos, muitas religiões antigas também imolavam cordeiros, havendo uma série de relatos sobre esses sacrifícios em seus livros sagrados. O Candomblé vem tentando manter-se fiel às suas origens, podendo, assim, preservar sua essência. Saibam que a maior parte da carne oferecida nos rituais é servida em nossas festas públicas, onde todos são convidados a comer. É o que chamamos de comunhão com os Orixá.
O objetivo dessas obrigações, é a obtenção de força ou "axé", tanto para a roça de Candomblé, quanto para seus membros e participantes. O axé, palavra tão popular atualmente, nada mais é do que a energia que emana dos Orixá, que precisa ser renovada e acumulada. O sangue utilizado para esse fim é, para nós, o princípio gerador da vida, o que nos mantém vivos e em desenvolvimento. Nós adoramos e defendemos a vida em todos os sentidos, ela é um presente de Olorun.